quinta-feira, 31 de maio de 2012

Terra viva.

Mais relevante que a ideia de fazer algo em prol da natureza, é notar o que ela faz por nós. Quando consumimos aquilo o que desejamos, esquecemos que provém de algum lugar, basta ter o tempo e o dinheiro para que nossas vontades se realizem, mesmo que nunca alcancemos um teto, pois não há limites para a satisfação humana.
O maior problema, é que consideramos pouco os seres viventes. O solo por sua vez, aprendemos desde muito pequenos, que é um elemento não vivo da natureza, assim como a água e o ar. Plantas, animais, microrganismos, são os seres vivos, aqueles que estamos aprendendo a respeitar, mas a terra, o solo, ainda o temos como sinônimo de  sujeira, de terra mesmo, justo ele, que tudo provê.
Os solos já não são considerados como partes mortas da natureza, hoje já se considera os solos, assim como a água e o ar, elementos vivos devido à grande diversidade de vida que abriga. O solo é um ser vivo que morre aos poucos na desertificação das áreas urbanas, isolados de tudo e de todos, ou ornamentados como se fossem feios, sujos ou inúteis.
Com um pouco de paciência, os solos urbanos podem passar de simples elemento morto, para uma porção viva diversificada, abrigando belezas e frutificando, retribuindo as atenções que lhe dispensada. Gosto de dizer que o solo é uma mãe generosa, que doa aquilo que necessitamos sem que cobrar nada, além do amor, da compreensão. A terra é generosa, abriga um conjunto de seres que se alimentam de seu seio, se abrigam em seu leito. Assim diz-se que da terra viemos e para a terra iremos voltar, ao seio da terra para nova reconstrução, em novas épocas, em novas vidas. É a regra dos ciclos, somos eternos enquanto eterna for a força que gera a vida, enquanto permitirmos que a vida renove a vida, seremos eternos enquanto houver vida.
Não me importa as possibilidades presentes, aquilo que agrego em uma estadia tão curta, mas as conjunções que se fazem durante as minhas vidas, as minhas passagens pelo seio da minha mãe terra. Importa-me deixar um abraço seguro para meu repouso, que eu descanse a velhice da minha armadura em um berço fértil que me transformará, em nova inocência, para brincar nos campos e provar dos sabores da infância, por todos os séculos, em quanto houver a vida. Que me alimente enquanto eu for vivo e que eu retribua em meu descanso, alimentando o milagre do ressurgimento, o milagre da renovação. Evolui a vida nos ciclos da natureza, na complexidade da criação, assim deve ser, assim quero que seja.
Solo encontrado no início.
Insetos surgem.
Florescem as plantas.
Diversifica-se a vida.
Em cada lugar.
Surgem flores nativas.
A vegetação muda.

O solo se reforma.
Cria vida nova.
Só porque acabei com um pouquinho do lixo.
Ah, se todos compreendessem, que somos terra e que a Terra sempre será nós!

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Educação ambiental- criando um ecossistema controlado.

Trabalhar a compostagem é um caminho para aqueles que pretendem trabalhar a E A. Interligar ações e reações às realidades das comunidades, inserir visões e reflexões sobre o meio ambiente local e urbanizado. Por se tratar de reciclagem de "lixo, abordamos um processo prático da reciclagem, eliminando um princípio de degradação. Outro fator de relevância e o ciclo natural dos nutrientes que são desprezados pelas populações e, que de certa forma, são imprescindíveis para a erradicação da fome. Um mal que muitas comunidades conhecem por plena convivência, nos limites da pobreza.
Mais que tratar o "lixo", abordamos outros eventos importantes, como a recuperação de uma área degradada. A utilização do composto produzido em atividade de jardinagem, de horticultura, agregado ao trato de um pedaço solo, nos abre possibilidades infinitas para a abordagem e interpretação de processos ocorridos na natureza. Como costumo dizer, os solos urbanos foram férteis quando do início da urbanização, sendo inutilizado pelas vontades e vaidades humanas. A possibilidade de recuperação deste solo, seja em terrenos baldios, residências ou nos nas áreas que compõem as escolas, é uma alternativa que permite demonstrar o surgimento de pequenas mudanças no decorrer das atividades.
Como toda a área degrada, a observação da possibilidade de regeneração natural é respeitada, havendo esta, mantêm-se parte da vegetação existente e incorpora-se novas espécies. No caso da horta, a formação dos canteiros deve permitir o surgimento das espécies dominantes, com a finalidade de favorecer a cobertura do solo, faz-se então um controle da quantidade, permitindo que as novas espécies se sobreponham, os excessos são retirados manualmente, o que permite um revolvimento mínimo do solo. Este solo expõem vermes e insetos que atraem pássaros, que disseminam sementes, surgem novas espécies que brotam do solo. Manter exemplares das novas espécies atrairá insetos e pássaros diversos, diversificando a comunidade biológica. Em um período de treze semanas, conseguimos eliminar uma parte da vegetação predominante no início do processo, nossos primeiros canteiros já apresentam uma vegetação mais diversificada e surgimento de várias espécies de insetos já é visível.
Com a finalização do processo na 1ª leira de composto, sua incorporação no solo nos permitirá iniciar um novo ciclo de recuperação, acelerando a diversificação da fauna microscópica do solo. Novos vermes, bactérias, fungos e insetos surgirão, iniciando-se uma fase de auto controle da diversidade biológica do solo, favorecendo a estabilização do solo e das plantas existentes, diminuindo sua fragilidade e favorecendo um desenvolvimento mais sadio.
Passo à passo, plantas, frutos, insetos, aves, flores, bactérias e fungos se multiplicarão em espécies, falta-nos agora, a introdução de flores que atraia polonizadores. A diversidade de plantas introduzidas até o momento foi pensada, em um primeiro momento, para favorecer o processo de diversificação vegetal, mas já é possível encontrar mudanças em todo nosso ecossistema.




Uma observação,  já fomentamos a vontade de participação de algumas das crianças, o que nos permite presenciar alguns acontecimentos que não poderíamos deixar de mostrar. Uma das crianças fez uma coleta de sementes com os parentes que têm canteiros em hortas comunitárias mantidas pela prefeitura municipal como forma de participação. O resultado foi essa mistura de sementes adicionadas em uma mesma embalagem e que foram semeadas em dois canteiros. Não sabemos se irá ou não, haver germinação, mas acredito na generosidade da mãe Terra e na inocência das crianças.  

terça-feira, 29 de maio de 2012

Processo de compostagem, como fiz.

Para compreensão do processo, a compostagem é um processo onde a matéria orgânica é decomposta através da ação de micro organismos e insetos em um ambiente favorável, na presença de água e oxigênio. Na literatura, alguns parâmetros são estabelecidos, como relação carbono e oxigênio, teor de umidade e volume da leira ou pilha. No caso prático, nas condições em que trabalho, alguns dos parâmetros não podem ser seguidos, outros já comprovei que retarda o processo.
Na teoria, a compostagem é montada por camadas, o que lhe dá o nome, composta por vários materiais e em camadas. Na prática é a forma correta de execução, o primeiro passo foi demarcar o tamanho da leira em largura e comprimento. A altura foi dependente da quantidade de resíduo que foi adicionado ao longo de duas semanas, quanto mais semanas de adição, maior seria o tempo de decomposição.
Foi forrada uma superfície inicial de 10 cm de palha, a qual foi umedecida. Sobre esta foi adicionado o resíduo da preparação das refeições. Para a cobertura, foi observada a relação C x N ( carbono x nitrogênio) em 3 x 1. Como não havia meios, o resíduo e as palhas/folhas secas, não foram triturados, sabe-se que quanto mais finos, mais rápido será o processo. Por padrão, fizemos a medição em litros e em baldes/bacias, sendo que no primeiro dia, foi adicionado 2 litros de resíduos para seis de material seco de cobertura. No segundo dia, sobre a palha foram adicionados mais 2 litros de resíduo para 6 de palha, e assim ocorreu até o final da montagem, sempre seguindo a relação 3 x 1.
A não trituração do material favoreceu o processo no sentido de que havia espaço suficiente para a entrada de oxigênio, o qual não precisou ser revirado, o que ocorreu somente nas 2 ultimas semanas do processo. Já a relação de umidade, já foi constatada em atividades nas escolas e em tambores de 200 lts, que a literatura se torna um pouco falha. Teores de umidade em torno de  40 à 50% como o descrito e exemplificado no teste da mão- aperta-se o composto e forma pequenas gotículas entre os dedos, mas não escorre- Atrasou o processo de aquecimento, que ocorre, em média, de 2 à três dias no tambor, gera chorume e um pouco de odor. Por conveniência, sempre molho a palha e as folhas um dia antes da montagem, o que proporciona um escoamento da água excedente, o resíduo verde já é rico em água que irá evaporar durante o processo e manter a umidade.
Para quem tem dúvidas quanto a segurança, feito de maneira correta, não atraiu moscas, não gerou odor e não atraiu ratos ou outros insetos. Somente uns pequenos mosquitos- Mosquitos da banana, como conheço- surgiram. Em caso de dúvida pode-se utilizar uma manta de TNT- Tecido não Tecido- o qual permite a entrada de ar e isola o composto do meio externo. A temperatura é aferida diariamente, chegando a alcançar teores de 65/70 °C na literatura. Na prática, é dependente do volume da pilha, quanto mais material, maior será a temperatura. outra variante se dá devido ao horário de aferição e a temperatura ambiente. Se for possível, realizar a aferição sempre em um mesmo horário. Para quem já esta acostumado a realização e em pequenas quantidades, não é necessário a utilização de um termômetro. Para quem ira iniciar e realizar na proporção que aqui descrevo- base de 70x 40 cm e altura de 50cm, em média, eu estou utilizando um termômetro de bulbo de vidro- Termômetro -10+110 mercúrio Incoterm cod.5003 cedido por uma amiga bióloga em 03 de maio, até então a aferição foi realizada por tato, sendo por duas vezes com um um equipamento digital . Em pilhas maiores ou em tambores, aconselha-se um termômetro digital de vara, com medições da base, do meio e do topo do composto, o que oferece parâmetros diferenciados no caso de excesso de água, vedação da entrada de oxigênio e necessidade de revolvimento.
Em ambos os casos- tanto nos tambores como agora, na leira- as temperaturas máximas alcançadas foram em trono dos 50 °C e em raros momentos- média 35 °C nos tambores e 45 °C nas pilhas- necessária a verificação do material utilizado, sem a presença de fezes de animais e outros passivos de contaminação patogênica.  As temperaturas se elevam em torno de 2 à 4 dias, mantendo-se pelo período de existência da matéria verde visível, diminuindo gradativamente. No meu caso, acontece de 10 à 12 dias após a adição da última camada. Assim ocorrendo, a passagem para o minhocário poderia ser realizada aos 65 dias após o início, completando o ciclo 30 dias depois, em média. Como resolvemos utilizá-lo, a porção mais grossa está sendo separada para a reintrodução na quinta leira.
Foram utilizados aproximadamente 39 lts de resíduo na primeira pilha, e na relação 3x1 com 115 de material seco, totalizando 155 litros brutos. No final do processo, alcançamos o esperado, com cerca de 90 litros de composto pronto ( quando a literatura aponta redução de 50% ao final do processo completo). Os 90 litros foram adicionados à 9 litros de serrapilheira e adubaram 5 canteiros de 4x 0,6 mts. 
Para os profissionais da área e da literatura, peço desculpas se estiver errado em algum procedimento e aceito as críticas e sugestões de correção. Para professores ou aqueles que quiserem utilizar o procedimento, funciona mesmo, tenho cinco leiras, uma já retirada e quatro no processo de decomposição, e já realizei 10 tambores em 10 escolas do ensino fundamental de Penápolis auxiliando a administração municipal, dos quais não tive problemas. Segue a tabela da primeira leira e o total de resíduo compostado até o dia de hoje.1ª leira- adição de 14 até 23 de março.
 

Um ciclo completo em um dia.

Quando falo em Educação Ambiental, falo de uma proposta de ensino que permita um entendimento básico dos processos de formação e manutenção da Biosfera, dos processos ocorridos e que permitiram a evolução cultural, econômica e tecnológica assistida hoje. Não falo de uma proposta de formação de Eco-chatos, até porque acredito que as diferenças existem porque precisam  mesmo existir.
A evolução ocorrida nos milhões de anos da existência humana nos ensinou muito, temos capacidade de evoluir ainda mais, mas temos que permitir que a Terra, em seus processos e reações, também evolua. Assim, proponho uma integração do ser humano ao seu habitat natural, mesmo que modificado para atender as suas necessidades, mas ao menos equilibrado, através do reconhecimento das possibilidades, através do reconhecimento da biodiversidade e dos recursos naturais que existem em nossos quintais.
Não é possível falar de ecossistema para crianças locais através de um bioma como a Mata Alântica, a não ser que esta viva às margens da sua sombra. Sempre acreditei que se aprende com aquilo que se vive, com aquilo com que se convive, temos condições de levar nossas crianças para conhecer um ecossistema natural, muito bem, mas na maioria das vezes não o temos. Dessa forma, procuramos observar, pensar, aprender e demonstrar a variedade local, os contrastes existentes entre o natural e o artificial. É assim que estou aprendendo, e é assim que acredito poder repassar o que aprendo. Quero sair da escola e mostrar o mundo ao redor, observar e mostrar as árvores, plantas e os solos, aves e animais, jardins e praças, a biodiversidade existente em nossa comunidade. Mas nem tudo é possível ainda, nosso trabalho engatinha.
Trabalhar a compreensão de adultos, formados e bem assistidos pelas possibilidades sociais não foi possível, quando propomos as atividades, trabalhar a consciência das crianças também não é fácil, há uma tendencia de formação de indivíduos conscientes das próprias verdades, e fazer com que algumas verdades coletivas sejam assimiladas é um desafio que requer paciência.
Uma dica que dou é, tentar montar um espaço para que tais verdades aconteçam, para que possamos assistir e observar, pensar e entender. No meu caso, busquei utilizar aquilo que era lixo e sem valor para transformar um espaço em um mini ecossistema, e já estou colhendo alguns frutos. O processo da compostagem é lento, em média 3 meses de decomposição por fungos, bactérias, insetos e vermes. Quando bem feito, oferece oportunidades de demostração prática das reações ocorridas. Aliando-se a horta, a sua reversão é favorecida em ciclo natural ocorrido no local de preparação, e ainda contamos com a degradação natural ocorrida no solo.






Hoje retiramos a primeira porção de composto, a qual deveria passar pelo minhocário para total degradação, porém aproveitamos o interesse das crianças para demonstrar as etapas do ciclo natural, onde peneiramos o composto para a produção de substrato para o plantio de mudas e utilizamos o restante para a primeira adubação dos canteiros recém plantados e em germinação, utilizando ainda, resíduo da natural de um amontoado de grama onde os microrganismos realizaram o processo resultando em um composto de terra e matéria orgânica granulada, com consistente número de insetos variados que irão favorecer a fauna do solo nos canteiros. Montar a leira do composto, retirar o material decomposto, agregar insetos e bactérias de um solo natura, adubar os canteiros e saborear cenouras no mesmo dia. Vale a pena ter paciência e aguardar. Isso, a meu ver, é demonstrar o porque da preservação e o que é sustentabilidade na prática.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Minha horta suspensa.

Buscar mecanismos de mitigação dos problemas causados pelo lixo e gerar conhecimento, sustentabilidade ambiental, melhores condições de vida para as populações, mudar os rumos da história. Talvez seja visto como mera especulação aquilo que descrevo, mais é possível. De tanto ver as imagens na NET, procurei verificar como ocorreria se, sem capital para investir e apenas com base nos conhecimentos aprendidos, quisesse eu deixar de produzir "lixo" e quisesse produzir alimentos a partir deste lixo.
Como já me disseram, é muito trabalhoso, mas posso garantir que é prazeroso! Hoje passei o dia compondo as postagens que iniciei, no decorrer da semana, minha inspiração foi o amanhecer da minha horta suspensa, a mesma que iniciei e que apresentei nos primeiros textos deste blog.
Imaginemos que em cada residência houvesse um mecanismo de degradação do resíduo orgânico para a produção de adubo, que esse adubo pudesse alimentar um horta que alimentasse a família. Teríamos uma redução significativa da poluição do solo, das águas e do ar, teríamos uma redução do número de doenças causadas por vetores e por veiculação hídrica, teríamos uma redução significativa nos índices de fome e de miséria, teríamos maior quantidade de áreas verdes, de insetos polonizadores, de borboletas, de flores e frutos. Cada quintal comporia um ecossistema capaz de reduzir o estresse através da terapia da horticultura. Lá no começo eu afirmei, uma hora por dia, nada mais.
É possível e eu fiz. E assim acredito que cada um possa fazer. Sei que cada um pode fazer o mesmo, basta ter um pouco de vontade de se desligar da vida urbana e social, uma horinha por dia.
A maneira utilizada é muito conhecida, compostagem em uma caixa plástica contendo uma porção de resíduo da preparação de alimentos para três partes de material seco, seja palha, grama seca, folhas das árvores, sobras do trato dos jardins. As jardineiras plantadas são fabricadas a partir de garrafas PET, uma garrafa por dia, trinta garrafas mês, sessenta plantas mês. Não ocupa espaço e pode variar na produção, estou atualmente com 72 garrafas, um galão de água, alguns vazinhos e um par de tênis. Tenho uma boa variedade de plantas, hortelã, salsa, cebolinha, alface, almeirão, agrião, morango, tomates, pimentas, véu de noiva, pepino, rúcula, couve, e algumas plantas que nasceram de não sei de onde, mas ficaram para aumentar a diversidade.





Abri este espaço para mostrar que é possível, é viável e é ecologicamente correto, não há a necessidade de grandes investimentos, há a necessidade de conscientização, de comprometimento, de vontade. Professores podem incentivar seus alunos, abrir espaços na escola para que a comunidade aprenda, para que seja possível. Os gestores públicos podem criar espaços nas comunidades, repassar, incentivar, multiplicar. Como eu disse, é uma questão de vontade, não tem custo e faz bem ao homem e ao meio ambiente.

domingo, 27 de maio de 2012

Educação vivenciada.

Questionado sobre o fundamento dos textos publicados, afirmo que a base é fundamentada sim em autores e trabalhos diversos, embora sejam opiniões fundamentadas em um conhecimento teórico mínimo e diverso, a vivência e a prática são elementos da escrita, muitas vezes fundamentadas na simplicidade da observação. Não é função do conscientizador introduzir doutrinas ou ministrar disciplinas, mas sim, fomentar a vontade de buscar o conhecimento, fomentar a dúvida e a necessidade de questionamento. Muitas das vezes, priorizo o pensar em detimento às teorias consumidas em leituras, e assim como sou questionado, também questiono algumas citações que se fazem regras.
Acredito que devemos buscar o conhecimento teórico dentro do contesto da formação acadêmica, porém é necessário que se pratique a observação, a vivência dos temas idealizados, o estudo dos sentidos que proporcionaram uma inicial revolução, quando o homem passou a observar o tempo, as plantas, as reações e toda uma infinidade de atividades que proporcionaram os conhecimentos hoje ministrados.
Embora tenha um foco educativo, não tenho a pretensão de ser chamado professor, meu papel é fomentar a curiosidade através da introdução de tópicos cujo conhecimento consta da licenciatura.
Assim busco passar aquilo que acredito ser passivo de assimilação, de forma simples e de fácil compreensão. trabalho com a parcela ignorada da vivência humana, aquela parcela que não queremos no nosso habitat, como o mato, as flores silvestres, aqueles seres que não temos ou não queremos em nossos quintais. Procuro- apesar de utilizar de material amador, e muito amador- mostrar a beleza daquilo que não vemos, ou deixamos passar desapercebido, em nosso mundinho urbanizado, onde cultuamos o luxo e a industria dos modismos, da tecnologia e das belas imagens. O mundo não é só isso, principalmente nos locais onde fazemos questão de não estar, e que quando observados à fundo, percebemos que existe uma beleza simples e melódica, a natureza não privilegia belezas, ela simplesmente as montam. Assim deve ser a base da Educação Ambiental, a visualização e observação da natureza existente no meio ambiente urbano, o reconhecimento das belezas e sua finalidade de existência, montar a base para o conhecimento pleno, incluso na diversidade disciplinar da escola e na riqueza do conhecimento adquirido pela observação, pelo tato, pelo admirar a simplicidade da vida em sua variedade de elementos, de formas, cores, sabores, odores. Tudo aquilo que existe em  um meio natural tem uma função dentro um ecossistema, do mais simples ao mais complexo organismo, todos com uma beleza similar. É só uma questão de querer ver.    









As cidades e a biodiversidade.


Com a cultura da exploração do meio para o consumo e do comodismo, as cidades se tornaram espaços artificias em meio a um grande ambiente natural. Mesmo  artificiai, são meio ambientes ecológicos  com o diferencial de serem adaptados para as necessidades da sociedade, moldadas a partir das exigências habitacionais, de locomoção, de trabalho, de lazer e outras infinidades das quais julgamos essenciais.
Dentro do processo de urbanização, as modificações são pensadas  para atender as vontades do ser humano, modificamos estruturas naturais em nome do próprio conforto e do próprio bem estar. Mas até onde estas modificações são positivas? Modificamos as estruturas de rios e córregos para a captação de água e escoamento das águas pluviais- em alguns casos, até o esgotamento sanitário e industrial, modificamos a estrutura dos solos e do ar, exploramos os recursos naturais, modificamos a fauna e a flora, eliminamos espécies inofensivas e geramos lixo.
No meu entendimento, duas coisas precisam ser entendidas. As espécies são auto controláveis em um meio preservado, a retirada de uma espécie qualquer favorece a proliferação de outras espécies que não serão mais sujeitas ao controle, afetando a saúde do meio e sua existência. É uma tarefa quase que impossível refazer a flora e fauna em uma área urbanizada, e embora seja necessário, a eliminação química só prejudica mais, contribuindo para o surgimento de novas espécies mais resistentes e sem controle biológico.
A geração de lixo é uma das principais causas de doenças nas área urbanas, seja através da veiculação hídrica ou por meio de vetores. As áreas de depósito de lixo são verdadeiros criadouros de seres propagadores de doenças, uma estratégia de controle que não favoreceu nem os seres humanos e nem o meio ambiente, seja ele urbano ou natural. Assim continuamos controlando pragas por meio de “cidas” eliminando várias espécies e criando algumas outras cada vez mais resistentes.
Outro erro é a necessidade que temos de finalizar o “lixo” no solo. Temos tecnologia e conhecimentos suficientes para modificar a atual situação. Os exemplos estão descritos em estudos e, em na maioria dos casos,  funcionam. Falta vontade política e mobilização social, além de um pouco de humanização. Não é viável sermos cada vez mais dependentes de tecnologias que barateiam os custos de produção, é chegada a hora de pensar!
 52% do lixo gerado, em média, não é lixo. São sobras que fizeram parte da nossa alimentação, estiveram em nossas dispensas e nas geladeiras, se transformando em lixo pela manutenção de uma cultura de comodismo, compra-se aquilo que se quer e não se produz pois é comodo comprar, joga-se fora o que não serve mais por um capricho de “ comodidade e higiene” desmedido, quando há possibilidades de reaproveitamento ou reciclagem. Assim aconteceu com o “lixo seco” apesar de não haver incentivo para a cadeia produtiva, uma parcela deste já é visto como fonte de renda, e acreditem, apesar de haver muita discriminação quanto às cooperativas de reciclagem e de catadores, muitas pessoas sobrevivem da movimentação desta parcela do lixo, e em alguns casos, muito bem.
Um dos desafios de qualquer gestor público que queira solucionar os problemas do lixo é quebrar a consciência cultural da população que o lixo existe, de que praças e campos devem abrigar gramas e árvores exóticas, de que o lixo tende que ser finalizado em áreas distantes dos olhos das populações e distantes dos belos centros. Existe a necessidade de fomentar a criação de áreas verdes onde a biodiversidade natural possa ser restituída em sua totalidade, onde exista a possibilidade de melhoria das condições das áreas ao redor, onde os nutrientes do solo sejam devolvidos ao solo e de forma que gere trabalho e conhecimento, onde possa haver espaço para conscientização de jovens e adultos, que evolva a comunidade e o poder público de forma igual e em busca de um propósito único, que fomente a evolução da tecnologia e da educação que exista mercado para tais conhecimentos e que permitam um novo modelo que fomente a sustentabilidade ambiental.







Futuro do lixo.


Embora previsto em legislação, a finalização de aterros sanitários nos moldes atuais, finalizando vários tipos de lixo em um local, mesmo que “tecnicamente seguro”, sua efetivação ainda é uma incógnita de mera formalidade. Campanhas como a do Estado de São Paulo que decidiu finalizar o uso das sacolas plásticas nos supermercados fomentam discussões acirradas. Para uma sociedade acostumada às praticidades da vida moderna, qualquer intervenção que atinja a sua comodidade surge como penalidade, quando não somos capazes de discernir sobre as reais intenções e as reais consequências dos atos que nos ocorrem. Somos merecedores de algo mais do que os discursos e as teorias comprometidas, mas que só mitigam problemas dos quais desconhecemos a gravidade. E não devemos culpar políticos ou classes dominantes, somos acostumados à acreditar naquilo que queremos, e assim nos falam tudo aquilo que queremos ouvir. 
Assim eu acredito que certas teorias tendem a ser orientadas através da prática, e em matéria de lixo, as verdades não podem estar escondidas nas vontades políticas partidárias. Pois é a realidade que  proporciona uma melhor movimentação social, enquanto  a “qualidade fictícia” gera comodidade. Há de se falar dos problemas, apesar das conquistas, pois só um conhecimento real das situações locais sera capaz de mobilizar pessoas e mudar atitudes.
Ainda em relação as sacolas, outro problema bem comum é o da associação ao direito individual de outrem, não compreendemos que as sacolas que recebíamos, não eram doadas como justifica a propaganda, seu custo esteve e ainda está incluso no serviço prestado, ou seja, pagamos a sacola, mas não vemos. É lógico que ao abolir as sacolas plásticas e introduzir outros tipos de sacos plásticos para a destinação do lixo não resolverá o problema, mas para quem compreende a ação, a minimização dos problemas é expressiva. A quantidade de lixo gerado pelas populações é imensa e na necessidade de finalização, compromete a manutenção das áreas de finalização, onde aterros sanitários acabam controlados, os controlados acabam como lixões e os lixões continuam estagnados, pois os recursos são cada vez mais limitados para atividades cada vez mais complexas. Ainda que fossem bem direcionados, os problemas não acabariam, seriam fantasiados.
A comodidade é uma das principais causas da degradação, o homem degrada por que é cômodo não impor questionamentos, não acarreta em “perdas pessoais”. Não que a regra seja degradar, mas aprendemos a ter certas comodidades para que possamos crescer, visto que certas conquistas são alcançadas através da dedicação e o dia já precisaria ter 30 horas. Assim nos cobram e assim nos empoem.
Acabar com a atual cultura dos “aterros sanitários” sem providenciar caminhos para que isso aconteça implicará na manutenção da cultura de proclamar melhorias fictícias sem grandes modificações, ou seja, o mesmo processo de maquiagem eleitoreira existente. Assim concordo  concordo com a visão pública  de que há de se fazer mudar, porém discordo da manutenção das táticas utilizadas para o enfrentamento das necessidades, da organização da população em torno das melhorias conquistadas e difundidas sem uma real existência das mesmas, ao menos no contesto de veracidade, onde se mostra e se discute aquilo que a população deseja ouvir. A população do futuro tende a ser mais consciente do seu papel de cobrar condições para que exista um meio ambiente ao qual possa ser explorado dentro das suas possibilidades de recuperação e a suas vidas não sejam tão voltadas ao trabalho e a aquisição de bens, ou seja, possa ser simplesmente vivida.